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Um almoço diferente


No dia do concerto, estava eu e a Mia a almoçarmos uma salada de legumes deliciosa, num restaurante do shopping quando apareceu o rapaz em que tinha chocado na livraria, tinha-me esquecido de um livro e ele andou à minha procura.
O rapaz que até àquele momento não tinha nome vim a saber momentos depois que se chamava Samuel, Sam para os amigos, Mia descarada como é convidou-o para almoçar connosco e quando pensei que ele fosse fugir, aceitou e ainda me sorriu. Ele era mesmo bonito.

Momentos depois a Mia arranjou uma desculpa esfarrapada e disse que tinha de ir à casa de banho mas para ficarmos ali a conversar e a acabar o almoço enquanto ela não vinha. Ficámos sozinhos, o silêncio foi rei durante dois minutos, apenas trocámos olhares e um ou outro sorriso. Ganhei um pouco de coragem e perguntei-lhe o que fazia, se andava na universidade ou trabalhava, ele respondeu que estudava de dia e cantava em bares à noite e aos fins de semana como hobbie, fiquei interessada e quis saber um pouco mais, descobri que no dia seguinte iria a uma audição para o programa de música mais conceituado do país e com maior difusão à escala mundial, onde se criaram grandes nomes da indústria musical, desejei-lhe muita sorte. Ele era bastante sereno, o seu sorriso branco inundou-lhe o rosto quando agradeceu, tinha uns dentes perfeitos, ele todo parecia perfeito, pena que tal não exista. Perguntou-me sobre livros e o que achava daquele que ele me tinha entregue, o das relações à distância, confessei-lhe que não era capaz de estar longe de alguém que amasse e ele disse que por amor era capaz de tudo.

Já estávamos quase a terminar quando a Mia apareceu, deu a desculpa que as casas de banho estavam cheias e que lhe surgiu uma dor de barriga repentina, o Sam pediu licença, levantou-se e foi até ao balcão pagar o seu almoço, a minha best estava a ficar nervosa com o aproximar da hora do concerto e pediu-me para ir, ele voltou e despediu-se de nós, a Mia atrevida como sempre deu-lhe um beijo na cara e ele correspondeu, depois quando se aproximou de mim e me deu um beijo senti um choque na bochecha, ele riu-se, a Mia não percebeu e ficou a olhar. Fomos até ao balcão para pagar o que devíamos e ficámos surpresas quando o empregado nos disse que o rapaz tinha pago tudo, deixando também um bilhete para mim. 

O bilhete dizia: “Era o mínimo que podia fazer depois de quase te ter derrubado na livraria e invadido o almoço, rapariga elétrica. Um beijo, Sam”, um guincho dela entrou-me pelo ouvido, a sua letra era cuidada e perfeita, questionei-me se ele seria real.

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